segunda-feira, 14 de março de 2016

Ad perpetuam rei memoriam 
Na hora da despedida

José Pereira Fernandes

A Revista LIMIANA, que, com o 40.º número, referente ao mês de Dezembro de 2014, completou oito anos de publicação regular e ininterrupta, nasceu de um projecto que idealizei no início do ano de 2006, que foi sendo amadurecido ao longo desse ano e que viu a luz do dia em Fevereiro de 2007, associado a três outros projectos com que também ousei sonhar: a composição de um hino para a Casa do Concelho de Ponte de Lima (CCPL), a sua gravação em CD ao lado do hino a Ponte de Lima, do qual não existia qualquer registo fonográfico anterior, e a realização de um espectáculo que comemorasse com grande dignidade a passagem do 20.º aniversário da CCPL.
Recebida inicialmente com grande apreensão e algum cepticismo, esta proposta viria a ser aprovada por unanimidade pelos membros da Direcção da CCPL, cujos nomes é de inteira justiça recordar, para memória futura: José Pereira da Silva (Presidente da Direcção), Carlos Alberto Teixeira Pires Trigo, João Martins Amorim, José António Silva, Manuel Martins Velho, Nuno Paulo Afonso Rodrigues e Serafim Pereira Dantas.
O hino à CCPL foi composto com a preciosa colaboração de Cláudio Lima, Joaquim Mendeiros Pedro e Nuno Osório, foi gravado em CD ao lado do hino a Ponte de Lima, com a participação da Banda Sinfónica da Polícia de Segurança Pública e do Orfeão Limiano, e o 20.º aniversário da Casa do Concelho de Ponte de Lima foi assinalado com um memorável espectáculo, que teve lugar no Fórum Lisboa, em 24 de Fevereiro de 2007, preenchido com a actuação do Rancho Folclórico e do Grupo de Cavaquinhos da CCPL, do Orfeão Limiano e da Banda Sinfónica da PSP, espectáculo que viria a ser assim evocado pelo então Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Eng.º Daniel Campelo, no primeiro número desta revista:
"Mais como limiano do que como Presidente da Câmara, senti correr-me nas veias o sangue de verdadeiro amor à terra onde nasci, com a maravilhosa jornada de limianismo protagonizada por centenas de pessoas que no Fórum Lisboa assistiram ao espectáculo do 20.º aniversário da Casa do Concelho, em 24 de Fevereiro transacto".
Com mais de 1.800 páginas publicadas, a LIMIANA (editada entre 2007 e 2014) foi fruto de um trabalho sério e rigorosamente "pro bono" ao serviço da Cultura e do Limianismo, desenvolvido pela sua direcção e por um grande número de colaboradores que, com grande empenho e sentido de responsabilidade, transformaram esta revista numa publicação cultural de referência, provavelmente sem paralelo no panorama editorial português.
Decorridos os oito anos em que tive o privilégio de dirigir esta revista, o que me proporcionou uma experiência largamente enriquecedora, considerei que era chegada a hora de convocar outros limianos para prosseguirem o exercício desta cidadania activa em prol da difusão da nossa Cultura, especialmente da Cultura Limiana, tendo anunciado esta decisão à Direcção da Casa do Concelho de Ponte de Lima com cerca de um ano de antecedência, para que, com tempo e ponderação, fosse encontrado um novo director que reunisse as condições adequadas para dar continuidade a este projecto.
A todos os colaboradores que, com a sua participação cívica ímpar e exemplar, deram um contributo de valor inestimável para o crescimento e consolidação deste projecto editorial, deixo, na hora da despedida, a minha mais profunda gratidão, bem como algumas das muitas palavras de elevado apreço dos leitores, que nos deram imenso conforto e que lhes são também especialmente dirigidas:

A LIMIANA na opinião dos leitores

- Esta revista “vai voar como o vento” pelas mãos de todos os pontelimenses residentes na capital e por todos os amigos da Casa do Concelho de Ponte de Lima. (Eng.º Daniel Campelo, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Fevereiro de 2007)

- Acuso a recepção do n.º 1 da revista LIMIANA, que se apresenta com uma linda capa, boa fotografia, boa qualidade do papel e, também, ordem e qualidade da informação. Apresenta-se muito equilibrada na extensão das notícias e artigos e tem um “bom ler”. Mais uma vez apresento os meus parabéns ao distinto director pelo empenho com que quis, mais uma vez, difundir e escrever bem alto o nome de Ponte de Lima. (Dr. João Maria Carvalho, Março de 2007)

- Quero agradecer, em nome do Município, ao Dr. José Fernandes a ajuda que deu à Direcção da Casa do Concelho de Ponte de Lima na realização das comemorações do 20.º aniversário e, acima de tudo, o excelente trabalho que tem efectuado na excelente revista que tem saído e que muito nos orgulha. (Eng.º Victor Mendes, então Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, 17.06.2007)

- A revista LIMIANA veio ocupar um espaço vazio. Através dela, as gentes limianas na Capital têm a oportunidade de se reencontrarem nas palavras. (…) A revista é, para além do mais, um elo de ligação na divulgação da sua cultura, das suas festas, das suas gentes, da sua gastronomia, eventos e jardins. (…) Estão de parabéns a Casa do Concelho de Ponte de Lima e a direcção da revista. (José Ernesto Costa, Sócio Fundador da Casa do Concelho de Ponte de Lima, Julho de 2007)

- Nos 20 anos da sua fundação, a Casa do Concelho de Ponte de Lima, em Lisboa, deu um importante passo no seu currículo de actividades. Consistiu na edição e lançamento da sua revista LIMIANA. (…) Impressa em magnífico papel e profusamente ilustrada, constitui esta revista um rico cartaz do turismo, da vida e dos saberes e sabores pontelimenses. Ao seu director e aos seus colaboradores, (…) auguramos uma auspiciosa caminhada. (António de Sousa Araújo, correspondente da Academia Portuguesa de História, 26.08.2007)

- Tenho recebido regularmente a revista LIMIANA. Tudo o que diz respeito à nossa terra, visto daqui, me emociona, levando-me às lágrimas, pelo sentimento de saudade despertado pela leitura de um artigo ou de uma foto, onde busco, em cada nome, em cada lugar, algo que me leve por pensamento até lá. Do ponto de vista gráfico também é de qualidade. E têm óptimos fotógrafos. (Francisco Calçada Fernandes, São Paulo – Brasil, Dezembro de 2007)

- Venho, pela presente, felicitá-lo pela valiosa revista que dirige e que em muito contribui para a nossa história e cultura limiana (José dos Santos da Costa Lima, 07.02.2008)

- Parabéns pela magnífica revista. (Fernando Aldeia, 23.06.2008)

- Agradecemos e felicitamos V. Ex.ª pela excelência evidenciada na revista LIMIANA que teve a amabilidade de nos enviar. Parabéns pelo apelativo e funcional formato no âmbito do qual coexistem harmoniosamente interfaces visuais e informativas conducentes a uma eficiente compreensão do espectro global dos resultados apresentados. (Dr.ª Cristina Mendes, dirigente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, E. R., 11.06.2009)

- (…) É nome de revista, regionalista e literária, ponto de encontro com a nossa gente que em Lisboa, cidade sempre distante, faz a sua vida. Através dela transmitem sentimentos que nós, privilegiados por vivermos junto ao Lima, nem sempre sentimos com igual intensidade. Nasceu em Janeiro de 2007, com uma bonita capa da autoria do Arq.º Ovídio Carneiro. O seu n.º 1 é já uma pequena jóia procurada por muitos amigos da nossa cultura. (Amândio de Sousa Vieira, in “O Anunciador das Feiras Novas”, Ano XXV, 2008, pág. 176)

- Como prometido, junto envio o trabalho sobre Sophia. Espero que goste e mereça publicação na (…) maravilhosa revista. (Fernando Aldeia, 20.08.2009)

- Gostava imenso de adquirir a LIMIANA n.º 16 e, ao mesmo tempo, saber quais as condições de assinatura da mesma. Bem hajam pela iniciativa. A revista tem uma qualidade muito boa senão excelente. Parabéns. (Júlio Vilar Pereira Pinto, 03.02.2010)

Mis felicitaciones más cordiales a todos por este trabajo tan grande como es LIMIANA (Jose Javier Rubianes, Pontevedra – Espanha, 25.10.2010)

- É com muito orgulho e satisfação que continuo a receber e a saborear a nossa revista LIMIANA e continuo a estimá-la pelo suporte, sempre de qualidade, e pelo conteúdo, profundo e diversificado. (Dr. João Maria Carvalho, 30.12.2010)

- Esta revista que nos é entregue bimestralmente é hoje, seguramente, do ponto de vista cultural, uma referência em Ponte de Lima. Esta revista tem, efectivamente, uma qualidade acima da média. (…) A revista LIMIANA faz já parte da história cultural do nosso Concelho, sendo, e estou convencido de que continuará a ser, um grande contributo para aquilo que é a nossa identidade cultural. (…) E quero dizer-vos ainda que os seus colaboradores, do ponto de vista cultural, do ponto de vista científico, têm um enorme valor. Esta revista é hoje uma marca que faz parte da Casa do Concelho, que dignifica muito a Casa do Concelho e, acima de tudo, que dignifica o Concelho de Ponte de Lima. (Victor Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, 13.02.2011)

- Acabo de receber (…) os dois números, 22 e 23, da LIMIANA, excelente revista (…). Se a sua fundação foi oportuníssima, como já tive ocasião de dizer, a sua manutenção – e eu sei as dificuldades com que esta função arrosta – colocou-a ao nível do imprescindível: variada, simultaneamente leve e profunda, com uma excelente (e difícil) selecção de colaboradores, muito bem ilustrada. (…) Retomo o que afirmei sobre a selecção temática, para me permitir a observação sobre a justiça dos temas de capa, que, por uma sages gestão do espaço, nunca vão além da justa evocação, sem que se desfaça o equilíbrio do conjunto. (Dr. Alberto Antunes de Abreu, 19.07.2011)

- Acabo de receber hoje o número mais recente da revista "Limiana". Folheia-a apenas, com imenso agrado, sobretudo as páginas dedicadas à evocação do saudoso embaixador João Sá Coutinho, com um variado e eloquente conjunto de fotos. Belo serviço, portanto, da revista à nossa cultura limiana! (Prof. Doutor José Cândido de Oliveira Martins, 17.10.2012)

- Quero voltar a dar-lhe os parabéns pela belíssima edição da revista LIMIANA e agradecer todo o empenho na preparação desta edição na parte dedicada ao meu Pai. Ficará bem guardada, como uma digna homenagem e recordação. (Dr.ª Rosário Sá Coutinho, 15.10.2012)

- Deixo uma palavra de enorme satisfação face ao trabalho por vós realizado e desejo que o mesmo continue por muitos bons anos. (Luís Filipe Gonçalves Rodrigues, 11.12.2012)

- Venho agradecer, muito penhorado, em meu nome e da minha Família, a iniciativa dessa Revista, no presente número de Fevereiro, homenagear o meu Avô Delfim Guimarães, em excelente tratamento literário e jornalístico. (…) O nosso muito obrigado, reconhecendo esse óptimo trabalho de divulgação e tratamento da cultura limiana e das suas gentes. (Dr. Francisco Guimarães Cunha Leão, 18.02.2013)

- Agradeço os exemplares da revista LIMIANA que, após minha leitura e consulta, e dado o seu manifesto interesse, coloquei à disposição de todos os utentes da Sala de Leitura do Centro Cultural de Belém. (Vasco Graça Moura, 18.02.2013)

- Recebi hoje pelo correio o n.º 32 da LIMIANA e já tive o prazer de a folhear. A grande e agradável surpresa é o espaço concedido à figura do Dr. Carlos Lima, um ilustre desconhecido para muita gente de Ponte de Lima. Deste modo, a revista cumpre a nobre função de destacar e dar a conhecer figuras maiores da cultura limiana, de relevo indiscutível. Parabéns por mais este trabalho extenso e cuidado. (Prof. Doutor José Cândido de Oliveira Martins, 02.04.2013)

- Venho acusar a recepção e agradecer os números da revista LIMIANA. Permita-me dar-lhe os parabéns pela grande qualidade da publicação e agradecer-lhe em me ter aí acolhido (Dr. Augusto Lopes Cardoso, Ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, 03.04.2003)

- Agradeço o gentil envio dos números 31 e 32 da revista LIMIANA, que muito apreciei. Felicito-o por manter vivo um projecto cultural tão significativo e pela justa homenagem ao cidadão distinto que o Dr. Carlos Lima é. (Dr. Fernando Nogueira, 11.04.2013)

- A qualidade gráfica da revista LIMIANA e, sobretudo, o seu conteúdo, são excelentes, e só me penitencio por não ter seguido a indicação que há anos me deu o António Manuel Couto Viana – meu conterrâneo, parente e amigo – de fazer a sua assinatura. (Arq.º Carlos Carvalho Dias, 30.09.2013)

- Esta revista LIMIANA está óptima. Uma edição para guardar! Dignifica Ponte de Lima, mas sobretudo o regionalismo em Lisboa. Senti orgulho. A reportagem especial sobre o Dr. João Abreu Lima é uma homenagem justíssima. (Isabel Vitorino Mendes, 28.11.2013)

- Recebi no início desta semana mais um belo número da revista LIMIANA, que muito lhe agradeço. Só hoje, sábado, pude começar a ler alguns dos textos com algum vagar, sobretudo os da oportuna e justíssima homenagem ao Dr. João de Abreu de Lima. Os vários testemunhos são eloquentes e formam um digno louvor desta figura maior da nossa terra. Por tudo isto, parabéns mais uma vez por este trabalho de elevada qualidade cultural, que muito dignifica a cultura limiana, dentro e fora do nosso concelho. (Prof. Doutor José Cândido de Oliveira Martins, 30.11.2013)

- Que nunca faltem as condições mínimas para prosseguir o ideal limiano que esta revista tão bem representa e promove. (Cláudio Lima, 24.12.2013)

- Gostaria de passar a ser assinante da vossa magnífica revista – seguramente uma das melhores do Norte do País. (Sebastião Sá Coutinho de Sampaio e Mello, 22.03.2014)

- A revista LIMIANA não pára de me surpreender. Não pela qualidade, que essa se mantém sempre num nível muito elevado, mas pelas ideias inovadoras. A “Homenagem aos Militares Limianos Falecidos no Período da Guerra do Ultramar” é uma delas. Se todos os concelhos deste País fizessem o mesmo, teríamos uma memória, bem documentada, do que foi o sacrifício do povo português por aquele que era, na altura, um objectivo nacional. (Luís Rebelo, 16.04.2014)

- Mais uma vez muito obrigado pelo envio da última LIMIANA, que novamente me surpreendeu. Sempre que a recebo, avivam-se as memórias que guardo do meu Pai, que tanto apreciava a revista pelo alto nível que conquistou e manteve e que sempre apoiou até à hora da morte. Bem-haja! A surpresa do n.º 38 foi a recuperação que fez da entrevista de António Maria Zorro, onde se esclarece a posição política de António Manuel Couto Viana, tantas vezes posta em causa por políticos e governantes tendenciosos ou pouco instruídos. (…) É nestes pontos que reside a grandeza da LIMIANA, quando com isenção e honestidade intelectual defende os interesses sócio-culturais da terra que lhe dá o nome. (Juan Soutullo, 08.06.2014)

- (…) Devo salientar que a última revista é das melhores que tenho lido, com variedade de temas, textos bem esgalhados e de inegável interesse histórico, onde Ponte de Lima confirma os foros de cidadela cultural do Alto Minho. (…) O seu empenho e dedicação, o seu rigoroso critério de selecção de temas e colaboradores, a sua isenção e independência, têm sido timbre de um trabalho difícil de superar. (Ricardo de Saavedra, 09.10.2014)

- Parabéns sinceros pelo magnífico último número da revista que tão bem dirige (Dr. Francisco Abreu Lima, Sócio Fundador e Sócio n.º 1 da Casa do Concelho de Ponte de Lima, 20.10.2014)

- Foi com muita emoção que recebi e li a belíssima Revista de Informação, Cultura e Turismo, LIMIANA. (…) Na época em que vivemos, quando (infelizmente!) os valores culturais e éticos que recebemos dos nossos antepassados são quase sempre esquecidos e submergem, abafados pelo materialismo que impera e tudo vence, é preciso muita coragem e abnegação para manter uma revista como a LIMIANA. Parabéns. (…) (Maria de Lourdes Brandão, escritora luso-brasileira, Rio de Janeiro, 22.11.2014)

- (…) Espero que a revista LIMIANA continue com a qualidade que sempre teve. É algo de excelente que se faz em Portugal. Infelizmente, não na maioria das coisas que se fazem e podiam fazer. Ode a quem faz bem, à revista LIMIANA e à CCPL também. Quem for correcto e não for egoísta ou invejoso enaltece sempre quem no que faz é primoroso. Vós sois. (Dr. António Pais de Almeida, 22.11.2014)

Publicado na Revista LIMIANA n.º 40, de Dezembro de 2014



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Vista Geral de Ponte de Lima

Ponte de Lima

Óleo do pintor naïf Albino José Moreira
Obra distinguida com o "Prémio Junta de Turismo da Costa do Estoril", no Salão de Outono de 1984, organizado pela Galeria de Arte do Casino Estoril, conferido por um júri constituído por:
- Escultora Aida Sousa Dias
- Pintor Manuel Cargaleiro
- Pintor Francisco Relógio
- Arquitecto e Jornalista Júlio Gil
- Director da Galeria de Arte do Casino Estoril, Nuno Lima de Carvalho

Imagem obtida a partir de uma litografia mecânica gentilmente cedida pela Galeria de Arte do Casino Estoril.
Publicada na revista Limiana n.º 40, de Dezembro de 2014


Revista Limiana n.º 40


Dezembro de 2014
Capa:
Dr. Francisco Maia de Abreu de Lima, Ex-Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima
Fotografia de Amândio de Sousa Vieira


Conteúdos

Ad perpetuam rei memoriam - Na hora da despedida
José Pereira Fernandes

Tentativa de um perfil: Dr. Francisco Maia de Abreu de Lima
José Luís Nogueira de Brito

O Meu Pai
Rita Abreu Lima

Francisco Maia de Abreu de Lima: uma das personalidades mais influentes de Ponte de Lima
Daniel Campelo

Dr. Francisco Abreu Lima e a fundação da Casa do Concelho de Ponte de Lima
(Breve autobiografia escrita em 2006)

Dr. Francisco Abreu Lima e o Monumento à Rainha D. Teresa
Amândio de Sousa Vieira

Recordando
Monsenhor Dr. José Gomes de Sousa

A um Amigo
Álvaro Braga da Cruz

O Avô
Francisca Abreu Lima Malheiro Reymão

Um Homem Exemplar
Gonçalo Abreu Lima

A Carreira política de Francisco Abreu Lima
Francisco Castelo Branco

D. Francisco Maria da Silva e o Beato Francisco Pacheco

O PUTO de Ricardo de Saavedra
António Cândido Franco

Ermínia ou a Conquista de Jerusalem pelos Cruzados - poema épico de Francisco d'Alpuim de Menezes
Cláudio Lima

Poesia Limiana: Luís de Sousa Dantas
Fátima Meireles (maria andersen)

Arte Sacra de Ponte de Lima
Anjo - Escultura do Século XVIII, em madeira dourada e policromada - Igreja Paroquial de São Tomé (Freguesia da Correlhã)
José Velho Dantas

Obras de referência dos Museus Portugueses
Os Coches da Embaixada do Marquês de Fontes ao Papa Clemente XI, em 1716
Museu Nacional dos Coches

Pintura Naïf: uma arte concebida sem pecado
N. Lima de Carvalho

A Banda de São Martinho da Gandra
Dantas Lima

A Polícia de Segurança Pública e Ponte de Lima
José Pereira Fernandes

O polícia culto
Torcato Sepúlveda

A Casa do Concelho de Ponte de Lima com a ACRL e outras Casas Regionais na Praça da Figueira
António Pais de Almeida

A história do humor em Portugal na CCPL, com Nicolau Breyner e Francisco Menezes

Outras actividades recentes da CCPL
Irene Vieira Rua

Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Ponte de Lima
Carla Pires e Tiago Rodrigues



Dr. Francisco Maia de Abreu de Lima
Uma das personalidades mais influentes de Ponte de Lima

Dr. Francisco Maia de Abreu de Lima e Dr. Francisco Lucas Pires
Fotografia do Arquivo de Amândio de Sousa Vieira
Não é muito fácil falar de alguém com quem se mantém uma relação de amizade muito forte. Apesar dessa dificuldade, não posso deixar de dar um testemunho sincero e de total respeito por uma das personalidades mais influentes da vida social e política, contemporânea, de Ponte de Lima. Não apenas porque conheço como Amigo mas sobretudo porque conheci a sua personalidade e os valores por que se guia, enquanto meu adversário político e colaborador nas causas da defesa dos interesses colectivos do concelho de Ponte de Lima.
Conheci o Dr. Francisco Abreu Lima em Lisboa, na sede da SAPEC, pelo ano de 1985, era eu estudante de Agronomia. Logo aí percebi que estava na presença de um cidadão especial, amante da sua terra e orientado por valores e princípios fundamentais para a vida e para as causas do serviço público.
Não posso falar muito do tempo em que exerceu as funções de Presidente da Câmara de Ponte de Lima dado que por essas datas me encontrava em Lisboa e depois em Inglaterra ao serviço da Escola Superior Agrária, que se preparava para o seu arranque em Refóios. Posso contudo destacar três notáveis acções que marcarão para muito tempo ou talvez para sempre o desenvolvimento do nosso concelho e que têm a marca do Dr. Francisco:
-A instalação da Escola Superior Agrária no Convento em Refóios, adquirido pela Câmara Municipal com esse propósito e que dessa forma se adiantou às intenções de outros municípios, que, com fortes trunfos, disputavam a sua localização. Foi um acto de visão e muito arrojado.
-A fundação da Casa do Concelho de Ponte de Lima em Lisboa. Algo que perdura na actualidade com uma intervenção notável na promoção do concelho fora de portas, como é o exemplo desta revista, e as inúmeras acções de natureza muito diversificada que esta Instituição tem levado a efeito. Eu conheci na primeira pessoa essa força e essa utilidade para o nosso concelho e posso dizer que se trata de uma das mais fortes embaixadas de defesa e promoção dos interesses sócio económicos e culturais de Ponte de Lima.
-A recuperação do pavimento da Ponte Romana e Medieval e o seu encerramento definitivo ao trânsito automóvel. Na época algo muito polémico mas totalmente acertado que provou uma visão com futuro para a defesa do património e para o incremento do turismo e das visitas à Vila fundada pela D. Teresa. Penso mesmo que essa determinação acertada lhe possa ter causado custos políticos significativos na disputa eleitoral de 1989, em que fomos pela primeira vez adversários políticos.
O seu afastamento temporário das lides autárquicas nunca o impediu de continuar a dar um contributo sincero e muito atento ao desenvolvimento do concelho. Como Director da Segurança Social do Distrito de Viana do Castelo realizou um trabalho notável e sempre apoiado pela enorme experiência adquirida ao longo da sua vida e em especial dos quatro anos de gestão autárquica.
Quando fui eleito Presidente da Câmara para o meu primeiro mandato recebi os cumprimentos do Dr. Francisco e uma manifestação clara e sincera de disponibilidade para colaborar em tudo o que fosse do interesse do Município para o seu desenvolvimento social e económico. Não foi apenas cortesia mas algo que ao longo da minha função de Presidente da Câmara se materializou em propostas, críticas construtivas e sugestões, bem alicerçadas no superior interesse do concelho. Essa disponibilidade e essa forma leal de colaboração não se alteraram quando em 1997 voltamos a ser adversários na disputa eleitoral. Antes pelo contrário, reforçou-se com um maior número de propostas e com uma visão que ultrapassava todas as barreiras partidárias e de disputas políticas caseiras. Essa forma de colaboração na diversidade ou divergência de pensamento, mas no respeito pela causa pública do concelho, foi algo determinante para que Ponte de Lima concentrasse as suas energias no desenvolvimento real e tivesse avançado com consensos a passos largos na resolução de muitos dos seus problemas, que hoje estão resolvidos e que lhe deram tanta notoriedade.
Já fora do Executivo Autárquico, entre várias iniciativas, o Dr. Francisco haveria de dar um novo contributo para o Património e para a História de Ponte de Lima ao liderar com um conjunto de cidadãos limianos, onde se incluíam os grandes limianistas Amândio Vieira e João de Sá Coutinho, a iniciativa de erguer uma estátua à fundadora da Vila de Ponte, a Rainha D. Teresa. Essa iniciativa, além do acréscimo que deu à monumentalidade da Vila, viria a dar um incremento importante para que as escolas de Ponte de Lima passassem a incluir nas suas actividades lectivas o ensino de aspectos relevantes da história local e nomeadamente do papel da D. Teresa na fundação da Vila e da Nacionalidade. Os conhecimentos da História e da Sociologia são absolutamente indispensáveis quando se pretende conseguir resultados positivos e duradouros no desenvolvimento de uma empresa, autarquia ou país.
Em resumo, também por isto e por muito mais o Dr. Francisco Maia de Abreu de Lima é merecedor desta justa homenagem da Revista "LIMIANA" e do tributo de gratidão do concelho e de todos quantos sabem reconhecer o mérito e os valores de quem assim se dedicou e dedica à Causa Pública.
Daniel Campelo


Revista Limiana n.º 39


Outubro de 2014
Capa:
Dr. José de Sá Coutinho, 3.º Conde d'Aurora, Magistrado Judicial e Escritor Limiano, num óleo do pintor Manuel Lapa


Conteúdos

Dr. Carlos Lima: a última viagem Lisboa - Ponte de Lima
José Pereira Fernandes

Francisco Pacheco, Mártir do Japão - que fazer para a sua canonização?
Padre João Caniço, S. J.

A Comunicação na História da Humanidade em debate na CCPL, com a participação de António Sala, José Manuel Delgado, Nuno Markl, Fátima Lopes, Ribeiro Cristóvão, José Nuno Martins e Mário Augusto

Festa das Colectividades e das Casas Regionais em Lisboa
António Pais de Almeida

Romaria Limiana de 2014
Irene Vieira Rua

A CCPL no programa "Verão Total" da RTP
Irene Vieira Rua

Feiras Novas de 2014

Livro Memórias de uma Guerra, do limiano João Hilário G. Lima, apresentado na CCPL
José Pereira Fernandes

Arte Sacra de Ponte de Lima
São Bento - Escultura em madeira dourada e policromada, do Século XVII - Capela de São Gonçalo, Arcozelo
José Velho Dantas

Cláudio Lima, um poeta de eleição
Fernando Aldeia

Ecos de uma grande amizade - Carta da Escritora Luso-Brasileira Maria de Lourdes Brandão a Cláudio Lima, evocando João Marcos

Poesia Limiana: Álvaro Feijó - Selecção e nota biobibliográfica de David F. Rodrigues

Perfil Literário de um Grande Português: O Conde d'Aurora
Artur Anselmo

O Brasil do Conde d'Aurora
José Cândido de Oliveira Martins

Arte Sacra
Artigo do Conde d'Aurora publicado no jornal Cardeal Saraiva, de 23 de Outubro de 1964

Conde d'Aurora, o meu Pai
Manuel Aurora

A história de Souto de Rebordões e o foral manuelino
António Matos Reis

Grupo de Danças e Cantares Besclore
Paula Almeida Dias
Marta Almeida

O Homem de Londres - João Nuno Braga Rodrigues de Moraes
João Carlos Gonçalves

"Os Limianos" foram campeões nacionais há 20 anos
João Carlos Gonçalves



Dr. Carlos Lima: a última viagem
Lisboa - Ponte de Lima


Dr. Carlos Lima

Tal como no premonitório poema "Setembro - Límia", os sinos dobraram a finados em Setembro para assinalar a derradeira das inúmeras viagens que este “filho dilecto de Ponte de Lima” fez ao longo dos últimos 70 anos da Capital para a sua terra natal, desde que, no longínquo ano de 1944, iniciou o Curso de Direito na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, que concluiu com distinção em 4 de Julho de 1949.
O poema, da autoria de Manuela Lima, sua exemplar companheira durante 58 anos, com quem casara em 29 de Setembro de 1952, e que fizera já essa derradeira viagem em Abril de 2010, foi transcrito na homenagem que os quatro filhos – António Carlos Lima, Manuel João Lima, José Miguel Lima e Maria do Rosário Lima – prestaram a seu Pai na Limiana n.º 32, de Abril de 2013, como forma de honrarem a sua dedicação plena às suas origens, a Ponte de Lima, às suas gentes e ao facto de ser um Limiano convicto, e ainda como forma de homenagearem a sua Mãe pelo papel que desempenhou e pelo grande contributo que teve no percurso de Vida do marido e dos próprios filhos.
Foi também com este poema, lido por sua filha Maria do Rosário Lima na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que Carlos Lima se despediu da cidade de Lisboa, na manhã do dia 11 de Setembro deste ano de 2014, depois de ter falecido em sua casa dois dias antes. Daqui partiu para a freguesia de Estorãos, sua terra adoptiva, onde inúmeros amigos o aguardavam e onde foi celebrada Missa presidida pelo pároco local, Reverendo Padre Armindo Vilaça, concelebrada pelos Reverendos Cónego Dr. António Oliveira Fernandes e Padre João de Oliveira Lopes.
O último trajecto desta última viagem foi percorrido na tarde desse dia 11, entre Estorãos e a Vila de Ponte de Lima, em cujo Campo Santo repousa, em jazigo da Família.
A revista Limiana orgulha-se de ter prestado, ainda em vida, uma justa homenagem a este “brilhante jurisconsulto, de rara qualidade humana e profissional, que foi Bastonário da Ordem dos Advogados (1978-1980), e a quem os portugueses, em geral, devem exemplos de coragem moral, cívica e política, que, de há muito, o colocam em lugar de destaque na galeria de honra dos filhos dilectos de Ponte de Lima”, como escreveu nessa homenagem António Moreira Barbosa de Melo, Ex-Presidente da Assembleia da República, à qual se associaram José Luís Nogueira de Brito, Ex-Deputado da Assembleia da República, Augusto Lopes Cardoso, Ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, Miguel Malheiro, amigo de Carlos Lima desde a mocidade, e seus quatro filhos.
José Pereira Fernandes


Setembro - Límia

No rio preguiçoso e morno
Nadam gaivotas
Dormem n’areia
Roupas lavadas,
Asas brancas
Espreguiçadas
Sinos dobrando a finados
E o ar é quente
Cortado de brisa.
Manhã de S. Miguel.
Gente dolente
Quasi adormecida
Passa na ponte,
De arcos romanos.
Homens vão pescando
Peixe imaginário.
Do soldado de Roma
Legionário
Perpassa a sombra
No Letes esquecido.
Ai Lima, ai terra, ai gente
Quanto do passado
É em ti presente.

Ponte de Lima |1978
Manuela Lima


Revista Limiana n.º 38


Junho de 2014
Capa:
Ovídio da Fonte Carneiro - Arquitecto, Pedagogo e Pintor Limiano


Conteúdos

Tributo a Ovídio da Fonte Carneiro, Arquitecto, Pedagogo e Artista Limiano
José Pereira Fernandes

Celebração da Páscoa na Casa do Concelho de Ponte de Lima
Irene Vieira Rua

O Cinema na Casa do Concelho de Ponte de Lima

Maria Brandão - Uma poetisa no esquecimento?
Cláudio Lima

António Manuel Couto Viana:
o Poeta que repudiou baixa política e golpes partidários
Ricardo de Saavedra

António Manuel Couto Viana:
Para quem o futuro se chama esperança e para quem Portugal é eterno
(Entrevista de António Maria Zorro a A. M. Couto Viana publicada no jornal aRua, em 22 de Novembro de 1979)

João Marcos: Biografia e Bibliografia
Novo livro de Cláudio Lima
David F. Rodrigues

O Itinerário do Escritor Teixeira de Pascoaes
António Cândido Franco

Poema "Namorados"
Ricardo de Saavedra

O Beato Bartolomeu dos Mártires e a Igreja Matriz de Ponte de Lima
Alberto A. Abreu

Arte Sacra de Ponte de Lima
Nossa Senhora do Pilar - Escultura em madeira dourada e policromada do Século XVII - Capela do Espírito Santo - Moreira do Lima
José Velho Dantas

Arquitecto Ovídio Carneiro - Ensaio Biográfico
Mário Leitão

Ovídio Carneiro - jovem pintor limiano
(Artigo de Ricardo de Saavedra publicado no suplemento cultural "Bazar" do jornal "A Voz", de 16 de Fevereiro de 1963, reproduzido no jornal "Cardeal Saraiva", de 8 de Março de 1963)

Testemunho do Mestre Gil Teixeira Lopes sobre Ovídio Carneiro
José Pereira Fernandes

Desenhos de Figura e Ornato de Ovídio Carneiro seleccionados pelo Mestre Gil Teixeira Lopes

O ensino artístico na Casa Pia de Lisboa
João Louro

Arquitecto Ovídio Carneiro
Sócio Honorário da Casa do Concelho de Ponte de Lima

10.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima
Eva Barbosa (textos)
Amândio de Sousa Vieira (fotografias)

Grupo Etnográfico Danças e Cantares do Minho
Joaquim Pinto

Mordoma da freguesia de Vila Franca homenageia Ponte de Lima na Festa das Rosas
Amândio de Sousa Vieira



Tributo a Ovídio da Fonte Carneiro,
Arquitecto, Pedagogo e Artista Limiano


Ovídio da Fonte Carneiro, 
aluno da Casa Pia de Lisboa, com 15 anos de idade

Depois dos tributos prestados a grandes Figuras Limianas, como Júlio de Lemos, Cardeal Saraiva, António Feijó, António Manuel Couto Viana, D. Carlos Martins Pinheiro, João Marcos, Teófilo Carneiro, Luís de Sousa Dantas, Rúben Brandão, Embaixador João de Sá Coutinho, Padre Manuel Gomes Dias, Delfim Guimarães, Carlos Lima, Cónego Manuel José Barbosa Correia e João de Abreu de Lima, citando apenas aquelas que foram tema de capa, a revista Limiana presta neste número justa homenagem a Ovídio da Fonte Carneiro, Arquitecto, Pedagogo e Artista Limiano, a cujo nome estão indelevelmente ligadas duas grandes Instituições: a Oficina de S. José, de Ponte de Lima, onde frequentou parte da Instrução Primária, e a Casa Pia de Lisboa, que lhe abriu as portas do Ensino Superior.
Dotado de uma formação humana exemplar, Ovídio Carneiro soube manter ao longo da sua vida o sentimento nobre de gratidão pelo apoio que recebeu nestas duas Instituições, bem expresso em gestos simples como a oferta ao Director e Fundador da Oficina de S. José, Cónego Barbosa Correia, em 1955, do belo desenho representando uma alegoria sobre esta relevante Instituição Limiana, ou a oferta à Casa Pia de Lisboa de valiosas obras de arte igualmente da sua autoria, como os retratos de Albino Vieira da Rocha, Professor Catedrático da Faculdade de Direito de Lisboa e primeiro Presidente da Assembleia-Geral do “Casa Pia Atlético Clube”, de Catalina Pestana, Ex-Provedora da Casa Pia, e de Pina Manique, fundador desta Instituição, à qual o nosso País tanto deve.
Igualmente representativas dessa gratidão, foram as palavras emocionadas que Ovídio Carneiro proferiu no primeiro encontro de antigos alunos da Oficina de S. José, em 15 de Agosto de 1971, no qual foi prestada homenagem ao seu fundador, revelando todo o seu apreço pela primeira instituição que o acolheu ao afirmar que “quando é o coração que fala, tudo se torna mais fácil”. Dirigindo-se à saudosa Professora Alzira Pacheco, que também eu tive o privilégio de ter como professora e educadora na Oficina de S. José, Ovídio Carneiro reconheceu e agradeceu o quanto lhe ficou a dever pela forma como o preparou para enfrentar os desafios do futuro, não esquecendo as muitas pessoas que apoiaram e acompanharam a criação desta notável Instituição Limiana, a quem dirigiu também palavras de gratidão por nos terem proporcionado “aquilo que nós somos hoje na vida”.
Estas e tantas outras qualidades evidenciadas por Ovídio Carneiro ao longo da vida, como a sua “forte personalidade desprendida em relação aos bens materiais”, traduzem fielmente as qualidades que, aos quinze anos de idade, já lhe eram reconhecidas pelo General Norton de Matos na sua carta de 24 de Setembro de 1953, a que tive acesso no Arquivo Histórico da Casa Pia de Lisboa, onde o jovem Ovídio era apresentado como possuidor de “notáveis qualidades artísticas e de inteligência, de boa índole, bem educado e muito simpático pelo seu porte e maneiras”.
O apoio inexcedível prestado ao longo do tempo em que foram preparados os conteúdos deste número da Limiana sobre Ovídio Carneiro justifica um agradecimento público ao Dr. João Louro e à Dr.ª Luísa Monteiro, do Centro Cultural Casapiano, criado quando era Provedor da Casa Pia de Lisboa o Dr. Luís Martins Rebelo, à Dr.ª Emília Rangel e ao Dr. Miguel Baena, do Arquivo Histórico da Casa Pia, a Hélder Tavares e a Carlos Correia, da Biblioteca-Museu Luz Soriano, a Virgínio Mendes, Editor do jornal “O Casapiano” e, naturalmente, ao Dr. Mário Leitão, colaborador incansável desta revista desde o primeiro número.
É ainda devido um pedido de desculpa a Ovídio Carneiro pelas omissões deste trabalho, só justificadas pelo facto de ter sido produzido sem o seu conhecimento prévio. Esperamos, no entanto, que este contributo possa constituir um estímulo para um estudo aprofundado da sua vida e obra e um incentivo para que o Município de Ponte de Lima promova uma exposição retrospectiva sobre a obra notável deste Grande Mestre Limiano.
José Pereira Fernandes



Alegoria representando a Oficina de S. José, de Ponte de Lima
Desenho oferecido em 1955 por Ovídio Carneiro
 ao seu Fundador e primeiro Director, Cónego Barbosa Correia
Imagem do Arquivo de Amândio de Sousa Vieira


Aguarela de Ovídio Carneiro, pintada quando aluno da Casa Pia, representando os alunos desta Instituição a desfilarem em frente ao Mosteiro dos Jerónimos
Colecção da Casa Pia de Lisboa (Biblioteca-Museu Luz Soriano)

Fotografia de José Pereira Fernandes



Retrato a óleo de Pina Manique
pintado por Ovídio Carneiro em 1983
Colecção da Casa Pia (Biblioteca-Museu Luz Soriano)
Fotografia de José Pereira Fernandes


Revista Limiana n.º 37


Abril de 2014
Capa:
Composição fotográfica alusiva aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Fotografia da Bandeira Nacional de José Pereira Fernandes
Fotografia da Bandeira de Ponte de Lima de Amândio de Sousa Vieira


Conteúdos

23 de Fevereiro de 2014 - Novos Ventos
Irene Vieira Rua

Saudação
Teresa Martina

Grandes Noites na Casa do Concelho de Ponte de Lima
António Sala

Casa do Concelho de Ponte de Lima comemora mais um aniversário
Assembleia-geral ordinária da Casa do Concelho de Ponte de Lima
Eleições na Casa do Concelho de Ponte de Lima
José Pereira Fernandes

Mensagem do Presidente da Direcção da Casa do Concelho de Ponte de Lima, Victor Manuel Prego de Castro

Primeira Grande Noite na Casa do Concelho de Ponte de Lima, com Henrique Feist e Nuno Feist

Os irmãos Nuno e Henrique Feist

Carnaval na Casa do Concelho de Ponte de Lima
Elisa Prego

Dia de Ponte de Lima

Concurso "Carta à Rainha D. Teresa" 2014

Ponte de Lima em alta com os fins-de-semana gastronómicos

Poema "Adeus, lampreia"
Recordando António Manuel Couto Viana
J. Mendeiros Pedro

Ponte de Lima na BTL - Feira Internacional de Turismo de Lisboa

Prof. Doutor José Cândido de Oliveira Martins
Sócio Honorário da Casa do Concelho de Ponte de Lima

António Ferreira e a memória biográfica sobre o Cardeal Saraiva
José Cândido de Oliveira Martins

Dança...
Maria Francisca Abreu Lima Malheiro Reymão

Poesia Limiana: Amélia Janny
Selecção e nota biobibliográfica de Cláudio Lima

Martim Soares
Um dos primeiros poetas limianos
David F. Rodrigues

Arte Sacra de Ponte de Lima
São Julião - Escultura em madeira dourada e policromada do Século XVIII
Igreja Paroquial de São Julião de Moreira do Lima
José Velho Dantas

Obras de referência dos Museus Portugueses
Custódia de Belém - Museu Nacional de Arte Antiga

Homenagem aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Mensagem do General Chefe do Estado-Maior do Exército

Homenagem aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima

Homenagem aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Mário Leitão

Percursos da Igualdade
Teresa Almeida

Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez

Viana de antes e de agora
João Lima Barreto



Homenagem aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Mensagem do General Chefe do Estado-Maior do Exército


Tenente General Artur Pina Monteiro
Chefe do Estado-Maior do Exército

Graças ao convite endereçado pelo Exmo. Senhor Dr. José Pereira Fernandes, tenho a honra de, em meu nome e dos militares que servem o Exército Português, dirigir-vos esta curta mensagem, fazendo também ela parte da merecida homenagem que a Revista Limiana entendeu realizar aos cidadãos do Concelho de Ponte de Lima que deram a vida por Portugal na Guerra do Ultramar.
Referi-me a uma curta mensagem, pois, por mais longa e sentida que fosse, nunca seria suficientemente significativa para homenagear o sacrifício de quem pela Pátria tudo deu.
O Exército Português, fundado nas batalhas que deram origem à nação portuguesa, pela mão de D. Afonso Henriques, esteve sempre presente nos momentos históricos dos quase 900 anos da nossa existência colectiva. Ao longo desses 9 séculos, são inúmeros, e quase todos anónimos, os portugueses que, quando o momento o exigiu, não hesitaram em dar o melhor de si por um valor mais elevado que a sua própria vida: a defesa da Nação.
Os cidadãos limianos tombados em África durante a Guerra do Ultramar passaram a fazer parte daqueles que deram a sua juventude e a sua vida em nome de Portugal, juntando o seu nome aos heróis que fundaram e mantiveram a nacionalidade portuguesa.
A homenagem agora realizada pela Revista Limiana é, por isso, da mais elementar justiça, sendo um orgulho, para nós militares, sermos os herdeiros da memória de todos os bravos combatentes que caíram na defesa da nossa Pátria.
Como General Chefe do Estado-Maior do Exército, asseguro-vos que a memória dos nossos heróis nunca será esquecida, e tudo faremos para que sejamos merecedores de pertencer ao mesmo Exército daqueles que, pelos feitos valorosos, se libertaram da lei da morte, pois os seus nomes farão sempre parte da história do nosso Portugal.
Bem hajam.
Artur Pina Monteiro
N. D.
Posteriormente ao envio desta mensagem à Revista Limiana, o General Artur Pina Monteiro foi nomeado Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, cargo em que foi empossado pelo Presidente da República, em 7 de Fevereiro de 2014.




Homenagem aos Militares Limianos falecidos no período da Guerra do Ultramar
Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima


Eng.º Victor Mendes
Presidente da C. M. de Ponte de Lima

Muito dificilmente, mesmo junto das gerações mais novas, a Guerra do Ultramar passa despercebida a qualquer português, tendo em conta que, directa ou indirectamente, a memória traz sempre um acontecimento ou uma história que teima em não se deixar apagar, tornando-se um marco de referência principalmente para os muitos que continuam a contar o que por lá se passou, pelo facto de a terem vivido e sentido na pele.
De igual modo, todas as vezes que se realiza uma homenagem aos que nela pereceram, ao serviço de Portugal, o silêncio e a introspecção que a mesma obriga, aliados a uma profunda meditação e ao implícito e devido respeito, forçam-nos a pensar no orgulho que devemos ter pelos nossos conterrâneos que deixaram o seu sangue, alguns deles perdendo a vida, em terras de África.
Não pode, nunca, o Município de Ponte de Lima alhear-se às justas homenagens que são feitas aos ex-combatentes do Ultramar, fazendo sempre parte das mesmas, na firme convicção que honrar os mortos é um exemplo de dignidade dos vivos, usando o exemplo daqueles como marca e referência para os nossos filhos e netos.
Devemos, por isso, sentir orgulho em pertencer à mesma cepa de homens e mulheres que viveram a Guerra do Ultramar sem virar a cara ao dever e, como escreveu esse grande conterrâneo, o General Norton de Matos, em palavras que estão também fundidas no memorial aos mortos na Guerra do Ultramar, na velha Torre da Pólvora junto ao Paço do Marquês, que servem para os dias de hoje, “que a vossa principal tarefa seja o engrandecimento da Pátria, dignificando-a…”.
Que saibamos dignificar a Pátria, a Terra que nos viu nascer e que o exemplo dado pela revista “Limiana”, tão louvável quanto necessário, seja seguido por todos, na certeza de que os Limianos nunca voltaram as costas quando o dever e Portugal os chamaram, pois estou certo que houve gente de Ponte de Lima em todos os conflitos bélicos a que Portugal esteve ligado nos séculos de História que marca o passado do país.
Como este tipo de manifestações não são demais, devemos aprender com elas, com a História, de maneira a encarar o futuro, evitando alguns erros do passado.
O futuro Centro de Interpretação da História Militar de Ponte de Lima, que conta com o apoio do Exército Português, contribuirá sobremaneira para essa tão necessária aprendizagem e para um conhecimento aprofundado da participação limiana em distintos conflitos, ajudando-nos a percepcionar melhor o desenvolvimento da sociedade da qual fazemos parte.
Que esse conhecimento contribua perpetuamente para enaltecer a força e a entrega desses Heróis que deram a vida por Portugal na Guerra do Ultramar.
Aos familiares, camaradas de armas e amigos, um sentido e fraterno abraço do
Victor Mendes


Revista Limiana n.º 36


Fevereiro de 2014
Capa:
D. Pedro I - O Justiceiro
Óleo sobre tela do pintor Henrique Ferreira, 1718
Centro Cultural Casapiano - Lisboa
Fotografia de Elisa Prego


D. Pedro I e a muralha medieval de Ponte de Lima - Excertos de textos


Miguel Roque dos Reis Lemos
Anais Municipais de Ponte de Lima – 1936

«O Príncipe D. Pedro, filho de D. Afonso IV, quando em 1355 – por ocasião da vingança que, por causa do assassinato da infeliz D. Inês de Castro, andava tirando contra seu pai, pondo a ferro e sangue toda a província de Entre Douro e Minho – passou nestes sítios, observou por seus olhos a divisão em que se achava a vila, subsistindo no lugar primitivo alguns moradores e estando estabelecida a maior parte na Baldrufa, e notou a miséria que assoberbava uns e outros.
Confrangera-se, como era natural, o coração do príncipe Justiceiro com tal espectáculo: e parece que prometera para logo ao objectivo da sua constante ideia, à memória da sua íntima adoração, que, chegada a oportunidade, levantaria tão miserável povo à altura da categoria dada pela mãe de D. Afonso I e à de praça de guerra, como o pedia a táctica militar, atenta a sua centralidade.
De feito, como palavra de Rei atrás não volta, quatro anos depois, no ano de 1359, o segundo de sua coroação, D. Pedro I, por intermédio do Corregedor Álvaro Pais, no dia 3 de Julho, lançou a primeira pedra fundamental de uma praça forte, no lugar em que hoje está a vila e por assim dizer defronte do primitivo assento, que foi senhoreado por Sancho Nunes. Traçou-lhe a cerca de muros dentados de ameias, cortados por seis portas, defendidas por barbacãs avançadas e reforçadas por frequentes cubelos e nove gigantescas torres ameiadas.
Todas estas fortificações estavam completas em 1370, havendo sido posto o remate nos primeiros três anos do reinado de D. Fernando.»


Reconstituição da planta da muralha medieval de Ponte de Lima


Pedro Miguel D. Brochado de Almeida
Ponte de Lima – uma vila histórica do Minho, Município de Ponte de Lima – 2007

«…quando D. Pedro I passou por Ponte de Lima em meados do século XIV percebeu que aquele espaço, mercê da sua localização estratégica e da sua expansão urbana, reunia as condições para ser protegida por uma muralha.
………………………
A construção da muralha de Ponte de Lima criou um estaleiro de obra gigantesco que acomodou todos os segmentos de trabalho, que transformou desde a matéria-prima até ao produto final. Foi necessário criar de raiz diversas carpintarias, provavelmente especializadas, para construírem os guindastes, as escadas provisórias, as abóbadas dos tectos das torres e os arcos das portas. Ergueram-se diversas bancadas para aparelhar a pedra, divididas por oficinas de pedreiro. Construíram-se múltiplas forjas para produção e reparação de instrumentos de trabalho. Deslocaram-se diversas parelhas de gado e os seus respectivos carros para fazer o transporte de matérias-primas e de produtos finais.
A tudo isto é necessário juntar toda a logística envolvida na alimentação de todos os trabalhadores, desde a angariação de alimentos, passando pelo seu transporte, pela sua confecção e terminando na sua distribuição. Um outro trabalho seria o de criar, manter e tratar da alimentação dos animais envolvidos na obra.
A presença de todas estas pessoas externas a Ponte de Lima criou outros desafios, como o do alojamento ou o de vestir a totalidade dos trabalhadores.
A aglomeração e o acrescimento populacional criou oportunidades de negócios que obrigaram à deslocação de comerciantes para o seu redor, ajudando a incrementar o fervilhar de vida da Vila.»



Amélia Aguiar Andrade
Um Espaço Urbano Medieval: Ponte de Lima, Livros Horizonte – 1990

«Para o homem medieval as muralhas e fortificações associavam-se naturalmemente a momentos de risco, de lutas e de conflitos em que era necessário e urgente pensar numa forma de defesa.
E a cerca limiana não podia deixar de transmitir uma impressão de força e segurança. Compacta na solidez dos blocos de granito que a constituíam era, juntamente com as casas-torres que nela se incrustavam, o espaço de defesa da vila. Em caso de perigo, cerradas as portas, era nos adarves da muralha ou no alto das casas-torres que os limianos se entrincheiravam e onde decorriam os combates. Nessas alturas, todo o perímetro urbano era um arraial militar, uma vez que a premente necessidade conjuntural de protecção remetia para segundo plano qualquer uma das outras actividades urbanas. Espaço fortificado, espaço defendido, Ponte de Lima podia então acolher, nas suas áreas livres, as populações da zona peri-urbana.
Terminados os combates, regressada a paz, a muralha continuava, no entanto, a proteger os que habitavam no seu interior. Dos ares da peste quando andavam alevantados pelo reino. A cerca era, então, a barreira que repelia os forasteiros outrora bem-vindos mas agora possíveis transmissores da morte. Para se defender, a vila fechava-se sobre si própria, tornava-se mais opressiva, recusando temporariamente a sua função primeira de espaço de passagem.
Obstáculo à difusão da doença, o muro, como lhe chamavam os limianos de quatrocentos, era também o dique que refreava a progressão desordenada das águas do rio Lima, quando um Inverno de chuvas copiosas fazia transbordar o seu leito.»

Trecho da muralha medieval de Ponte de Lima, no Largo da Picota
Fotografia de Amândio de Sousa Vieira 


Ramalho Ortigão
As Farpas – Entre Minho e Douro – 1885

«Em Ponte de Lima, a ponte que deu o nome à vila é um dos mais antigos monumentos do seu género em Portugal. Assenta em vinte e quatro arcos, dos quais dezasseis em ogiva.
……………………………….
Era entestada por duas belas torres, uma do lado de Arcozelo, outra do lado da vila, a que dava entrada por uma porta ogival. As guardas da ponte, assim como as duas torres, eram guarnecidas de ameias.
Com essa forma se conservou este curioso monumento até 1834. Depois, com o regime liberal, veio uma vereação que mandou arrasar as duas torres; e outra vereação, não querendo ficar atrás da primeira, mandou serrar as ameias que coroavam as guardas! O cinto de muralhas, com as suas cinco portas, as suas torres e as suas barbacãs, com que D. Pedro I fortificou a vila reedificada no século XIV, não caiu também inteiramente de per si, foram ainda as vereações municipais que sucessivamente se encarregaram de o fazer desaparecer.
O poder central, em sua alta e suprema indiferença pelos mais estúpidos atentados de que são objecto os monumentos mais veneráveis da arte e da história nacional, aprovou a uma por uma todas as marradas de preto-capoeira com que à municipalidade de Ponte de Lima aprouve derribar e destruir os mais belos vestígios arquitectónicos da gloriosa história da antiga vila e o próprio sentido heráldico das suas armas, nas quais em escudo de prata figura uma ponte entre duas torres.»